07/09/2017

UM BOM JEITO DE DEFINIR OBJETIVOS

por Dr. Noa Kageyama, publicado originalmente no blog do site The Bulletproof Musician

Esse esqueminha SMART de definição de
objetivos vem do mundo dos negócios.

"Você definiu e escreveu objetivos claros para o seu futuro, e fez os planos para realizá-los?"

Em uma lenda urbana bem conhecida, esta pergunta foi feita aos recém graduados em MBA em Harvard no ano de 1979 (ou a classe de Yale de 1953, dependendo de quem conta). A história continua, e descobriram o seguinte:

- 84% não tinham objetivos específicos
- 13% tinham objetivos, mas não por escrito
- 3% tinham metas escritas claras e planos para realizá-las

Dez anos depois, os mesmos indivíduos foram entrevistados novamente. Os 13% que estabeleceram metas estavam ganhando, em média, duas vezes mais que os 84% ​​sem objetivo. Legal, mas nada comparado aos 3% que tinham metas comprometidas ao papel. Esse grupo de super-realizados estava ganhando uma média de dez vezes mais do que os outros dois grupos juntos! (O que eles não ensinam na Harvard Business School).

Embora o estudo possa ser fictício, a definição de metas continua a ser um tema-chave na psicologia do esporte, e parece ser uma influência confiável em nosso nível de desempenhos e realizações. Aqui está um estudo aberto ao público sobre o efeito da definição de metas no desempenho individual/time no rugby.

Trata-se de deliberadamente assumir o controle e ser o motorista de sua própria vida, ao invés de ser um passageiro em um carro que se auto-dirige ou um piloto automático movido a hábitos.

Infelizmente, ninguém pega a gente e ensina a definir metas, embora as pesquisas indiquem que existem certas diretrizes envolvidas se você quiser que a definição de metas funcione.


4 DIRETRIZES PARA UMA DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS QUE FUNCIONA

O que é melhor - objetivos específicos ou objetivos gerais?

Vantagem: objetivos específicos

Objetivos claros, explícitos e específicos são mais eficazes do que objetivos gerais. Objetivos vagos como "fazer o seu melhor" ou "tocar melhor" não ajudam muito.

Os melhores são objetivos do tipo:

- Eu vou memorizar o primeiro movimento do concerto de Beethoven até a próxima sexta-feira (definido talvez, por tocar o movimento sem partitura pelo menos uma vez)
- Eu vou conseguir tocar afinada a passagem complicada de oitavas dedilhadas até o final da semana (definido por conseguir tocar a passagem afinada pelo menos 4 vezes em 5 tentativas)

O que é melhor - objetivos moderados ou objetivos difíceis?

Vantagem: é um pouco complicado...

Quanto mais difícil é o objetivo, melhor será o desempenho - até um certo ponto. Se o objetivo parece impossível ou irreal para você, a motivação será baixa e é maior a chance de desistir. No entanto, isso também é verdade para objetivos que são muito fáceis e não são desafiadores o suficiente.

Não escolha um objetivo impossível, é claro, mas eu sugiro escolher um objetivo que seja excitante, motivador e pareça um verdadeiro desafio no limite superior do que você acredita ser capaz. Ao tentar descobrir onde estão os seus limites superiores, confie no seu instinto e não se esqueça de que tendemos a subestimar nossas habilidades.

O que é melhor - objetivos de curto prazo ou objetivos de longo prazo?

Vantagem: ambos são essenciais!

Os objetivos de longo alcance são essenciais, mas metas mais imediatas nos ajudam a manter o foco nas etapas menores que, em última instância, nos levam ao nosso destino.

Objetivo é o seu destino final. Meta é o degrau ou passo
que te leva na direção do objetivo.
Tente usar a abordagem da escada. Pegue um pedaço de papel e desenhe uma escada. Coloque seu objetivo de longo prazo no topo da escada e aí, de trás pra frente, anote em cada degrau os sub-objetivos intermediários que irão te levar até lá.

O que é melhor - objetivos de processo ou objetivos de resultado?

Vantagem: objetivos de processo... na maioria das vezes

Vivemos em uma sociedade muito movida a resultados, então a maioria de nós aprende a focar nos objetivos-resultado (por exemplo, passar num teste) ao invés dos objetivos-processo (por exemplo, permanecer focado na música, ouvir os outros instrumentos, boa postura, etc.). O problema é que temos muito pouco controle sobre os objetivos-resultado. Você pode tocar o melhor teste da sua vida inteira, e mesmo assim não conseguir o emprego porque outra pessoa estava ainda mais preparada e tocou um pouco melhor. Não podemos fazer nada sobre o desempenho dos outros.

Além disso, preocupar-se com os objetivos-resultado que não podemos controlar (tipo: o que a platéia está pensando?, e se der branco?, olha como aquela pessoa toca bem…) afasta nosso foco dos aspectos da performance e preparação que podemos sim controlar.

Então, de novo, objetivos de resultado (como imaginar-se ganhando a audição da orquestra de Cleveland) podem ser extremamente motivadores, e podem te ajudar a se manter concentrado fazendo as pequenas coisas que te colocarão em posição de ganhar o emprego quando o grande dia finalmente chegar.
No fim das contas, a combinação de objetivos de resultado e objetivos de processo é mais efetiva, embora seja melhor se concentrar no processo na hora da performance e evitar focar nos resultados.

Resumo de uma frase

"Se você não sabe para onde está indo, vai acabar em algum outro lugar." - Yogi Berra

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Dr. Noa Kageyama é um violinista que resolveu partir para a área da Psicologia da Performance e hoje integra o corpo docente da Juilliard School e New World Symphony em Miami, além de ser convidado das principais instituições de ensino de música nos EUA, ensinando músicos como tocar o seu melhor sob pressão através de aulas ao vivo, treinos e um curso on-line.

Tradução autorizada, por Helena Piccazio.

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